quarta-feira, 14 de abril de 2010

versos diversos sobre alguns espetáculos que vi

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*versos de Junio Santos (Cervantes do Brasil e Movimento Escambo) a partir de espetáculos que assistiu no 3º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul - Canoas, janeiro de 2010.
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TEATRO EM VERSOS
Júnio Santos
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I
Como falar da vaidade
Sem machucar os sentidos
Sem ser artista ou bandido
Sem se perder na maldade
Sem ser o pai da bondade
O dono da sabedoria
Mais sabendo que o dia-a-dia
Transforma a nossa ação
Faz nos sentir pé no chão
Dono do que se cria
II
Como citar as diferenças
Espalhadas pelo mapa
Se uns chamam pinha outros atas
E cada um tem sua crença
Vai da chula a excelença
Essa arte popular
Difícil de comentar
E fazer comparação
Cada um com sua razão-emoção
E forma de atuar

III
CARAVANA DA ILUSÃO
Com um cortejo entoado
Figurino engomado
Excesso de concentração
O toque da percussão
Dando clima a velha ação
A comédia e o dramalhão
A introspecção do ator
A presença latente do diretor
Ausência da manifestação

IV
O TIMBRE QUE O GALO deu
Mudou o cheiro e a cor
E nem mesmo o velho andor
Separando o meu e o seu
A em - cena – a - ação reteu
No plano particular
O que posso afirmar
É que o espaço não tá perdido
O palco não faz sentido
O chão é o nosso lugar
V
A CIA DE TEATRO DI STRAVAGANZA
Chegou pra fazer folia
Mais parece aquele dia
Não tava mesmo pra dança
No grupo havia mudanças
E dava pra gente notar
Alguma coisa no ar
Comendo o ritmo e o tempo
Palavras jogadas ao vento
Um entra e sai sem parar.
VI
O MANJERICÃO e seu dilema
Circo, palhaço, teatro, ator
Onde vais, onde estou
Onde deixamos o poema?
Como não criar problema
Não quebrar a tradição
Manter a cor da razão
Que o palhaço eternizou
Abrir a roda com amor
Manter no centro a paixão?

VII
Fiquei de PERNAS PRO AR
Com os bonecos gigantes
Reunindo num instante
Tanta gente pra brincar
Não sai mais do lugar
Com a poesia circulando
Todos se comunicando
Sem importar com a idade
A mentira e a verdade
Na rua se encontrando

VIII
Brecht saiu da favela
Foi pra rua, foi pro chão
Tentou até dá as mãos
Mais quase não tocou nela
A prática ainda revela
O medo de se jogar
A forma de interpretar
Fechada no individuou
Criando paredes de vidro
Que se vê e não se pode tocar.
IX
O tempo inimigo da rima
Inibiu a criação
Perdi a imagem da ação
Que antes estava em cima
Com isso caiu o clima
Não deu mais pra comentar
Mais sem med o de falar
Digo que fiquei encantado
Com o teatro mostrado
Nesse encontro popular

Junio Santos - Cervantes do Brasil

Um comentário:

  1. Falar o que do Junio não é mesmo...ele utiliza tão bem as palavras que é impossivel não se apaixonar pelo que ele escreve(mesmo que...enfim)Bjs lindo,vc é uma inspiração para mim

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